Hannah Klassen | 2022
English follows
Pesquisando como líderes comunitários e agroecologistas locais usam conceitos agroecológicos chave em seu trabalho social e ambiental: Uma breve exploração do incrível conhecimento no sul da Bahia, Brasil
Hannah Klassen | 2022
Introdução
Camila, uma educadora de 42 anos nova em Serra Grande nos olhou com atenção, sua paixão por melhorar os resultados sociais através da educação agroecológica brilhava através de suas palavras; "Transformação...um princípio de colaboração que existe na natureza...Um exemplo de lições da natureza está na observação de como a natureza distribui os recursos. Precisamos fazer isso também através da solidariedade econômica". Como cientista ambiental, esta é para mim uma maneira inteiramente nova de pensar em agroecologia. O que Camila está discutindo e o que eu logo ouviria de todos os entrevistados é que a agroecologia não é apenas um método agrícola sustentável, é um modo de vida. A ideologia de viver harmoniosamente com a natureza ao nosso redor transcende a agricultura orgânica ao transformar a forma como uma comunidade inteira opera em relação umas às outras. Durante as três semanas passadas no sul da Bahia tive muita sorte de ter a oportunidade de aprender, experimentar e testemunhar diferentes entendimentos e formas de realizar a agroecologia. O Brasil tem uma história desafiadora e um presente repleto de disparidades econômicas, sociais e raciais (DeVore 2014). Entretanto, aprendi rapidamente que os líderes desta comunidade valorizam os métodos agroecológicos e os utilizam quando lutam por melhores resultados em comunidades marginalizadas.
Dessa forma, vou analisar três conceitos-chave agroecológicos, conhecimento, compartilhamento e investimento e como eles são intencionalmente utilizados por cada agroecologista com quem interagi, incluindo agricultores, ativistas sociais, educadores e ambientalistas. Através da aplicação desta lente, começamos a responder à pergunta, o que acontece a uma comunidade quando seus líderes se posicionam através da lente da agroecologia e implementam estes princípios em seu trabalho? Neste documento exploraremos os vários usos das práticas agroecológicas para tratar de problemas ambientais, sociais e de base comunitária.
Abordagem Metodológica
Este projeto teve um conjunto único de abordagens metodológicas. Situacionalmente, meu trabalho teve início no sul da Bahia. A permanência na pequena cidade de Serra Grande deu uma visão da vida cotidiana do Brasil rural enquanto realizávamos nossas pesquisas na comunidade marginalizada vizinha do Bairro Novo e nas áreas rurais do sul da Bahia. A uma distância de aproximadamente 1 hora de Serra Grande, visitamos várias propriedades agroecológicas que se estendem até a periferia de Ilhéus e do Parque Estadual da Serra do Conduru. Os entrevistados e as visitas ao local foram ambos escolhidos para mim antes da chegada, ditando os tipos de pessoas que conheci e com as quais aprendi. A maioria das entrevistas envolveu um período de poucas horas de discussão informal e entrevistas em grupo, seguidas de uma experiência imersiva envolvendo caminhada por sua fazenda agroecológica e aprendizado através de discussões sobre a floresta. A pesquisa experimental neste ambiente incorporou colheita, cozinha, trabalho comunitário, jardinagem e estar presente na natureza. Outro componente único desta pesquisa foi o envolvimento de um tradutor. Foram entrevistados dois falantes de inglês, e o restante das entrevistas foi traduzido do português. Por sorte, nosso tradutor e tutor Paulo, era incrivelmente conhecedor da área e proficiente em ambos os idiomas, tornando as traduções o mais próximo possível de seu significado original.
A metodologia para determinar os principais conceitos agroecológicos; conhecimento, compartilhamento e investimento envolveu perceber tendências em conceitos frequentemente discutidos por todos os participantes. A importância destes conceitos foi me esclarecendo lentamente através de semanas de conversas com os interlocutores e discussões subseqüentes com meus colegas e o exame de notas de campo. Enquanto alguns conceitos, como conhecimento e compartilhamento, eram fáceis de se separar, pois apareciam muitas vezes em conversas, outros conceitos, como investimento, estavam mais sutilmente implícitos e levavam algum tempo para entender claramente o papel no contexto da agroecologia. Era evidente que, quando um conceito era discutido por um entrevistado, ele havia tomado o tempo necessário para considerar plenamente essas ideias e, em alguns casos, viver em oposição direta a muitos de seus vizinhos. Estes princípios são usados conscientemente pelos entrevistados enquanto vivem suas vidas como agroecologistas autoproclamados e os princípios podem ser vistos na iniciativa, programa, modo de vida ou fazenda de cada entrevistado.
Conhecimento
Era nosso quinto dia no campo e o tempo estava úmido, com chuva constante. Chegamos à reserva florestal do Alto da Esperança, uma reserva privada de 25 anos da Mata Atlântica, onde Paulo tinha trabalhado e estudado durante anos. Cuidando tanto dos visitantes quanto da floresta, ele sabe muito sobre a jornada de reflorestamento, o progresso da terra e a própria organização. Muitas lições agroecológicas foram ensinadas por estar na natureza, mas ela aconteceu antes mesmo de colocar os pés na trilha. Ele se agachou no solo perto da estrada que tínhamos acabado de percorrer. Escovando de lado a matéria orgânica que estava no solo, ele esfregou o solo entre seu dedo indicador e seu polegar. "A terra está nua". Quando os proprietários compraram a terra pela primeira vez em 1998, era uma fazenda de monocultura de mandioca, abrigando apenas terra nua. Ele então nos pediu para olharmos o pedaço de mato bem na nossa frente e explicar a diferença entre ele e outras florestas que tínhamos visto anteriormente. Reconheci imediatamente que havia mais mato, com enredos mais espessos de plantas que não seriam colhidas. Era selvagem e natural. Paulo explicou que isso era tudo o que estava preservado da era da monocultura da terra, e os novos proprietários começaram a pensar em agroecologia a partir deste pequeno pedaço de terra preservada. O solo naquele pedaço de terra não estava nu, não era compacto ou propenso à erosão, estava repleto de nutrientes e informações críticas. Esta foi uma das muitas mensagens chave desta rápida interação com a terra à nossa frente.
O reflorestamento é possível a partir de uma paisagem árida, mas não é fácil. Através das informações contidas neste pequeno trecho de terra, eles puderam plantar e cultivar uma floresta próspera, utilizando as informações já presentes na terra, aprendendo com o que estava acontecendo naturalmente. Se você a procurar, a floresta contém uma quantidade incrível de informações sobre como criar um sistema agroflorestal saudável e próspero, mas também contém um conhecimento profundo sobre como trabalhar em comunidade. Ao longo das entrevistas, esta dicotomia no entendimento do conhecimento no contexto da agroecologia apareceu. O conhecimento é algo visto dentro dos sistemas naturais como uma fonte de informação, e é um princípio agroecológico chave para a importância que os detentores de conhecimento e aqueles que conhecem a agroecologia têm na comunidade. Através de minha própria interpretação da informação, acredito que os dois estão inextricavelmente ligados e exemplos de ambos serão destacados nesta seção.
O conhecimento em termos do que aprendemos empiricamente com a natureza para crescer sistemas florestais resilientes aliados ao que podemos aprender social e qualitativamente das interações florestais cria uma ferramenta poderosa para o crescimento e a mudança da comunidade. Esta ferramenta está sendo reconhecida por alguns líderes comunitários que estão ensinando conceitos agroecológicos aos jovens. Camila, uma professora local do centro comunitário, usa uma combinação de arte e natureza para ensinar às crianças que o papel do homem na terra está intrinsecamente ligado e um com a natureza. Ela acredita que através da compreensão de nosso papel no meio ambiente, ela pode capacitar as pessoas a assumir o controle de seu futuro. O que é fascinante em sua metodologia é como ela usa a natureza para ensinar. Por exemplo, ela mostra a seus alunos como a natureza funciona de forma coesa lado a lado para atingir um objetivo comum e lhes pede, por sua vez, que considerem como eles podem trabalhar juntos de forma coesa. Camilla também está ciente do segundo uso do conhecimento e procura criar espaços seguros para as pessoas falarem, para mostrar-lhes que suas vozes são importantes e para criar uma democracia participativa local. "Escolas não ensinam o pensamento crítico", diz ela, "uma grande parte do Brasil não tem esta habilidade", então ela se encarrega de preencher esta lacuna com a programação pós-escolar. Como um novo programa no Bairro Novo eles ainda não viram os efeitos de sua iniciativa, mas Dona Janira viu. Fundadora e líder espiritual da Escola de Agroecologia Margarida Alves, na periferia de Ilhéus, ela é uma pessoa profunda, que hospeda uma vida inteira de conhecimentos práticos, aprendidos, experientes e ancestrais. Aqui conhecemos Marioson, um ex-aluno de Dona Janira, e parte de sua primeira turma na escola de agroecologia. Ele ajudou na restauração inicial da terra e aprendeu com sua primeira mão. Este estudo de caso provou a eficácia deste tipo de educação. A passagem do conhecimento ecológico provocou uma profunda compaixão pelo meio ambiente e pelo ensino aos outros. Ele também explicou como, na prática, aprender desta forma lhe permitiu permanecer na cidade rural onde cresceu e não cair no ciclo positivo de retroalimentação, causando migração de famílias rurais para favelas e mais pobreza. Marioson viu em primeira mão como seu curso de vida foi profundamente impactado por conceitos agroecológicos e retornou à escola para continuar o ensino. Ele afirma: "Precisamos de estudos de caso bem sucedidos para ensinar aos outros... esta terra pode ser usada como um estudo de caso". Eu posso falar do sucesso de minha família; nossa riqueza de conhecimentos". O objetivo deste projeto, conforme descrito por Dona Janira e Marioson, é que os membros desta família semeiem novas sementes, compartilhem suas informações com outros agricultores e melhorem a qualidade da educação das crianças rurais e da periferia.
Outros contribuem para o crescimento do conhecimento através de avenidas comunitárias. Feira Comunitária; Saberes E Sabores, é um mercado local iniciado por Dona Jô, uma ativista de base e líder significativa para os cidadãos do Bairro Novo. A Feira do Saberes e Sabores é uma reunião de mães. Ela proporciona um nivelador em uma comunidade socialmente injusta onde as pessoas da periferia podem ganhar dinheiro compartilhando seus dons com alimentos e artesanato. Mas por que sabores e conhecimentos? Para Dona Jô, agroecologia significa autonomia regional, autonomia alimentar e ecologia de base comunitária. É uma filosofia e um modo de vida. Esta feira é uma das muitas maneiras que ela pode divulgar esta mensagem ecológica para a comunidade. É uma forma de proporcionar aos indivíduos autonomia contra a opressão social e econômica generalizada, dando-lhes um método para obter uma renda e ao mesmo tempo compartilhar sua cultura uns com os outros e dar vida à sua identidade local através desses intercâmbios culturais. Dona Jô acredita que estas iniciativas têm o poder de mobilizar uma comunidade através da capacitação das pessoas para que se vejam como co-criadores e "se levantem e saiam". O conhecimento cultural e alimentar tradicional é passado de uma mãe para outra, e esta cultura compartilhada e responsabilidade mútua podem levar ao empoderamento político, à solidariedade econômica e à elevação dos bairros marginalizados.
Compartilhando
"Ele não defende os princípios agroecológicos de compartilhar conhecimentos e encorajar outros a jardinar", explicou Paulo a respeito de um pescador local e não agroecologista que nos recebeu orgulhosamente em seu jardim. Apesar de não estar familiarizado com a agroecologia, o progresso de seu jardim foi bastante impressionante e não pude deixar de pensar no potencial que o compartilhamento do conhecimento agroecológico em uma comunidade poderia ter. O compartilhamento é um princípio agroecológico central e baseado no bem-estar do todo, e não no benefício econômico individual. Podemos aprender muito sobre este conceito explorando de onde provém o conhecimento agroecológico. Como respondeu Dona Jô, quando foi solicitado: "Eles eram agricultores, na parcela ... e eles têm somente conhecimento da terra". Pajé, um agricultor agroecológico local vindo de uma dura história de escravidão moderna na lavoura de cacau, teve seu próprio entendimento e respondeu: "A cultura indígena tinha compreensão ecológica e então a colônia chegou... agora, muitos anos depois de conhecer Juan e esta família, eu não tenho que trabalhar fora de minha fazenda e comecei a ganhar novos conhecimentos." Estas citações nos informam sobre dois conceitos importantes relativos à difusão do conhecimento agroecológico. Primeiro, ela foi iniciada pelos sistemas tradicionais de conhecimento e posteriormente perdida para a população em geral através da colonização e do influxo da monocultura agrícola. Segundo, aprendemos que a informação agroecológica é um privilégio e está contida principalmente dentro daqueles ricos o suficiente para ter acesso à educação e aos recursos (Nogueira et al., 2017). Portanto, a periferia só tem acesso quando a informação é compartilhada com eles. Por exemplo, Ernst Götsch, um agroecologista suíço frequentemente discutido em nossas entrevistas, veio para a região com conhecimento existente (Macke et al., 2020). Quando chegou, ele reconheceu os conhecimentos tradicionais existentes, mas também utilizou suas próprias informações para aumentar a produção. Ernst é conhecido como o pai da agroecologia nesta região, embora esta informação não fosse nova para muitos (Macke et al., 2020). Por outro lado, a passagem de informações do rico proprietário de terras para o fazendeiro ou proprietários de terras dos arredores não é comum. Por exemplo, Fernando, um fazendeiro vizinho para quem Pajé trabalhava, não compartilharia com ele seus conhecimentos agroflorestais. Neste cenário, Fernando tem uma fazenda orgânica certificada, mas ao reter informações e não ser justo com seus funcionários, ele não está defendendo os princípios da agroecologia.
Outro estudo de caso interessante é Juan e Gili, dois estrangeiros que emigraram para o sul da Bahia com o propósito da agricultura agroecológica. Ao chegar, eles buscaram ativamente um grupo comprometido com a agroecologia. Eles encontraram na Rede Povo de Mata uma rede voluntária baseada na inclusão e na aproximação de pessoas para regular e certificar fazendas e difundir uniformemente a riqueza do conhecimento agroecológico em toda a região. Como parte da rede, Juan e Gili imitam o princípio de compartilhar não apenas trocando informações com outros membros da rede, mas fazendo um esforço consciente para alcançar aqueles que estão na periferia como Pajé e "trazer pessoas para a rede". O princípio do compartilhamento de conhecimento é uma das muitas diferenças entre agricultura orgânica e agroecologia e através de um trabalho diligente, tem o potencial de preencher a lacuna entre aqueles com acesso aos recursos e aqueles sem acesso aos recursos.
Investimento
"Há muitas sementes debaixo do solo que crescerão quando o clima estiver adequado...árvores primárias morrerão e permitirão mais sol" explica Paulo. A floresta trabalha em conjunto consigo mesma, movendo-se através das fases da vida sem problemas, levando anos para que as mudas sob a superfície cresçam. "O progresso na rede tudo acontece lentamente". Gili explica como a rede começou pequena, depois a palavra se espalhou e lentamente com o trabalho duro se tornou uma força coesa. Camila e Dona Janira também sabem disso e imitam o conceito de investimento no trabalho que fazem com as crianças.
"Precisamos nos mover como a floresta se move, focando no desenvolvimento a longo prazo... Ajudar as crianças a entender como pensamos sobre o mundo e, portanto, como isto se aplica à sua vida e compreensão do mundo". Não há apenas uma maneira de habitar a terra, mas aqueles que têm uma relação com a terra vivem de forma muito diferente daqueles que não têm. É importante que as crianças reconheçam que você é parte da terra". - Camila
Eles provavelmente não verão os benefícios ou resultados de sua iniciativa até que as crianças tenham idade suficiente para implementar políticas e passar as informações. A esperança é que, começando pelas crianças, as informações sobre horas extras se espalhem pela comunidade. Isto, por sua vez, resultará em resultados tangíveis que contribuirão para o desenvolvimento local e a construção de uma sociedade mais resistente através da continuação da educação. Paulo sonha com crianças crescendo e voltando para ele dizendo: "Aprendi isto, e é assim que estou vivendo minha vida de acordo com estes ensinamentos". Estas mudas que estão sendo plantadas hoje se tornarão o novo vereador, líderes comunitários e professores com uma mentalidade ambientalmente consciente; é um ciclo para cima, desde crianças capacitadas e educadas até uma comunidade politicamente ativa que luta por seus próprios direitos.
Conclusão
De volta a reserva florestal, Paulo discute como cada espécie tem uma função e um papel específico no ecossistema florestal, como as plantas trabalham em associação umas com as outras para ajudar a mover a floresta através das fases de forma coesa. É uma forma complexa de comunicação que resulta em um equilíbrio dinâmico onde o ecossistema oscila de desordem para ordem e de volta. Então, o que podemos aprender com este sistema florestal? Os agroecologistas do sul da Bahia entendem como podemos operar mais efetivamente dentro de um sistema que imita uma floresta. Por exemplo, precisamos encontrar maneiras de trabalhar em colaboração uns com os outros em direção a um objetivo comum. Uma maneira é fornecer nosso conhecimento e difundi-lo amplamente, criando redes de informação que alcancem a periferia e preencham as lacunas. Outra maneira é ensinando a geração mais jovem a cuidar da terra e esperar pacientemente que seu tempo brilhe, confiando que fizemos o suficiente para incentivar fortes mentalidades agroecológicas resistentes ao sistema atual em vigor. Podemos fazer nossa parte reconhecendo nosso papel no sistema, como Camila, Dona Janira, e Juan e Gili, apaixonados por garantir que todos tenham acesso à informação e possam aprender além das limitações das paredes da escola. Ou o papel de Dona Jôs como âncora na comunidade encorajando mudanças positivas e soluções dinâmicas para problemas que a política há muito ignora através de conceitos agroecológicos de compartilhamento, investimento e conhecimento. Pajé é um próspero estudo de caso da transformação que o conhecimento e as práticas agroecológicas podem ter na vida de cada um. Ele prova que a agroecologia pode trazer comunidades marginalizadas para a rede. Esta pesquisa é apenas o começo do que se pode aprender de uma comunidade que abraça os conceitos de agroecologia, mas o potencial de replicabilidade em todo o mundo traz esperança a um ambientalista às vezes pessimista. Há esperança de um mundo mais brilhante, social e ambientalmente mais coeso, onde nos centralizamos como parte da natureza e emulamos princípios agroecológicos em nossa vida diária.
Referências
DeVore, Jonathan D. 2014. “Cultivating Hope: Struggles for Land, Equality, and Recognition in the Cacao Lands of Southern Bahia, Brazil.” PhD, Ann Arbor, MI: University of Michigan. Selected Chapters https://deepblue.lib.umich.edu/bitstream/handle/2027.42/109023/devorejd1.pdf?sequence=1
Macke, Janaina., Ivan Bozhikin, and João Alberto Rubim Sarate. 2021. “Feeding a growingpopulation without deforestation: agroforestry system partnerships and mechanisms.” Agroforest Syst 95, 687–706. doi: https://doi-org.proxy.bib.uottawa.ca/10.1007/s10457-021-00621-x
Nogueira, Renata Fernandes., Iris Roitman, Fabrícia Alvim Carvalho, Gustavo Taboada Soldati, and Tamiel Khan Baiocchi Jacobson. 2019. “Challenges for agroecological and organic management of Cabruca cocoa agroecosystems in three rural settlements in south Bahia, Brazil: perceptions from local actors.” Agroforest Syst 93, 1961–1972. doi:https://doi.org/10.1007/s10457-018-0303-x
Investigating how community leaders and local agroecologists use key agroecological concepts in their social and environmental work: A brief exploration of the incredible knowledge in Southern Bahia, Brazil
Hannah Klassen | 2022
Introduction
Camila, a 42-year-old educator new to Serra Grande looked at us intently, her passion for improving social outcomes through agroecological education shining through her words; “Transformation…a principle of collaboration which exists in nature…One example of lessons from nature is in observing how nature distributes resources. We need to do this too through economic solidarity”. As an environmental scientist this is an entirely new way of thinking about agroecology for me. What Camila is discussing and what I would soon hear from all interviewees is that agroecology is not just a sustainable farming method, it is a way of life. The ideology of living harmoniously with the nature around us transcends organic farming by transforming the way an entire community operates in relation to each other. During the three weeks spent in Southern Bahia I was extremely lucky to be given the opportunity to learn, experience, and bear witness to different understandings and ways of performing agroecology. Brazil has a challenging history and present filled with economic, social, and racial disparities (DeVore 2014). However, I quickly learned that leaders in this community value agroecological methods and utilize them when fighting for improved outcomes in marginalized communities.
Therefore, I will be looking at three key agroecological concepts, knowledge, sharing, and investment and how they are intentionally utilized by each agroecologist I interacted with including, farmers, social activists, educators, and environmentalists. Through applying this lens, we start to answer the question, what happens to a community when its leaders position themselves through the lens of agroecology and implement these principles in their work? In this paper we will explore the various uses of agroecological practices for addressing environmental, social, and community-based problems.
Methodological Approach
This project had a unique set of methodological approaches. Situationally my work commenced in Southern Bahia. Staying in the small town of Serra Grande gave a brief insight into the daily life of the region, while conducting our research in the nearby marginalised community of Bairro Novo and the surrounding rural areas of Southern Bahia. With a radius of approximately 1 hour outside of Serra Grande we visited various agroecological properties extending to the outskirts of Ilhéus and Sierra Du Conduru State Park. The interviewees and site visits were both chosen for me prior to arrival, dictating the types of people I met and learned from. Most interviews involved a period of a few hours of informal discussion and group interviewing followed by an immersive experience involving walking through their agroecological farm and learning through discussions about the forest. Experiential research in this setting incorporated harvesting, cooking, performing community work, gardening, and being present in nature. Another unique component of this research was the involvement of a translator. There were two English speakers interviewed, and the rest of the interviews were translated from Portuguese. Luckily, our translator and tutor Paulo, was both incredibly knowledgeable in the field and proficient in both languages making the translations as close to their original meaning as possible.
The methodology for determining the key agroecological concepts; knowledge, sharing, and investment involved noticing trends in frequently discussed concepts by all participants. The importance of these concepts was slowly made clear to me through weeks of conversations with the interlocuters and subsequent discussions with my colleagues and examination of field notes. While some concepts like knowledge and sharing, were easy to tease apart as they appeared many times in conversations, other concepts like investment were more subtly implied and took some time to understand the role clearly in the context of agroecology. It was abundantly evident that when a concept was discussed by an interviewee, they had taken the time to consider these ideas fully and, in some cases, live in direct opposition to many of their neighbours. These principles are consciously used by the interviewees as they live out their lives as self-proclaimed agroecologists and the principles can be seen in every interviewee’s initiative, program, way of life, or farm.
Knowledge
It was our fifth day in the field and the weather was humid, with a consistent presence of rain. We arrived at the Alto da Esperança Forest reserve, a 25-year-old privately owned Atlantic Forest reserve, where Paulo had worked and studied for years. Caring for visitors and the forest alike, he knows much about the reforestation journey, the land’s progress, and the organization itself. Many agroecological lessons were taught through being in nature, but this first one happened before even setting foot on the trail. He crouched on the soil near the road we had just driven up. Brushing aside the organic matter littering the ground, he rubbed the soil between his forefinger and thumb. “The soil is nude.” When the owners first bought the land in 1998 it was a monoculture manioc farm, hosting only nude soil. He then asked us to look at the patch of brush just in front of us and explain the difference between it and other forests we had seen previously. I instantly recognized that there was more brush, with thicker entanglements of plants that wouldn’t be harvested. It was wild and natural. Paulo explained that this was all that was preserved from the land’s monoculture era, and the new owners began thinking about agroecology from this small patch of preserved land. The soil in that patch of land was not nude, it was not compact or prone to erosion, it was filled with critical nutrients and information. This was one of many key messages from this quick interaction with the earth in front of us.
Reforestation is possible from a barren landscape, but it is not easy. Through the wealth of information that was contained within this small stretch of land they were able to plant and grow a thriving forest by utilizing the information present on the land already, learning from what was naturally occurring. If you look for it, the forest holds an incredible amount of information on how to create a healthy and thriving agroforestry system, but it also contains deep knowledge on how to work in community. Throughout the interviews this dichotomy in the understanding of knowledge in the context of agroecology appeared. Knowledge is both something seen within natural systems as a source of information, and it is a key agroecological principle for the importance that knowledge holders and those who know of agroecology have in the community. Via my own interpretation of the information, I believe that the two are inextricably linked and examples of both will be highlighted in this section.
Knowledge in terms of what we learn empirically from nature to grow resilient forest systems paired with what we can learn socially and qualitatively from forest interactions creates a powerful tool for community growth and change. This tool is being recognized by some community leaders who are teaching agroecological concepts to youth. Camila, a local teacher at the community centre uses a combination of art and nature to teach children that human’s role on the earth is intricately connected to and one with nature. She believes that through understanding our role in the environment, she can empower people to take control of their futures. What is fascinating about her methodology is how she uses nature to teach. For example, she shows her students how nature works cohesively side by side to meet a common goal and asks them in turn to consider how they can work cohesively together. Camilla demonstrates the use of knowledge in another way as she leads initiatives for creating safe spaces for people to speak out, to show them that their voices are important and create a local participatory democracy. “Schools don’t teach critical thinking,” she says, “a large part of Brazil doesn’t have this skill”, so she takes it upon herself to fill this gap with after school programing. As a new program in Bairro Novo they have not yet seen the effects of their initiative, but Dona Janira has. The founder and spiritual leader at the Margarida Alves Agroecology School in the outskirts of Ilhéus, she is a profound individual hosting a lifetime of practical, learned, experienced, and ancestral knowledge. Here we met Marioson, a former student of Dona Janira, and part of her very first class at the agroecology school. He helped with the initial restoration of the land and learned from her firsthand. This case study proved the efficacy of this type of education. The passing of ecological knowledge instilled a profound compassion for the environment and for teaching others. He also explained how practically, learning this way allowed him to remain in the rural town he grew up in and not fall prey to the positive feedback loop causing migration of rural families to favelas and further poverty. Marioson saw firsthand how his life course was deeply impacted by agroecological concepts and returned to the school to continue the teaching. He states, “We need successful case studies to teach others…this land can be used as a case study. I can talk of the success of my family; our wealth of knowledge.” The purpose of this project as described by Dona Janira and Marioson is that members of this family sow new seeds, share their information with other farmers, and improve the quality of education for rural and periphery children.
Others contribute to knowledge growth through community avenues. Feira Comunitária; Saberes E Sabores, is a local market started by Dona Jô, a grassroots activist and significant leader for the citizens of Bairro Novo. The knowledge and flavours fair is a gathering of mothers. It provides a leveler in a socially unjust community where those in the periphery can earn money by sharing their gifts with food and crafts. But why flavours and knowledge? To Dona Jô agroecology means regional autonomy, food autonomy, and community-based ecology. It is a philosophy and a way of life. This fair is one of many ways she can spread this ecological message to the community. It is a way of providing individuals with autonomy from pervasive social and economic oppression by giving them a method for earning an income while simultaneously sharing their culture with one another and bringing their local identity to life through these cultural exchanges. Dona Jô believes that these initiatives have the power to mobilize a community through empowering people to see themselves as co-creators and “lift themselves up and out”. Cultural and traditional food knowledge is passed from one mother to another, and this shared culture and responsibility for each other can lead to political empowerment, economic solidarity, and uplifting of marginalized neighbourhoods.
Sharing
“He doesn’t uphold the agroecological principles of sharing knowledge and encouraging others to garden”, Paulo explained regarding a local fisherman and non-agroecologist who had welcomed us proudly into his garden. Despite not being familiar with agroecology his garden’s progress was quite impressive and I couldn’t help but think of the potential that the sharing of agroecological knowledge in a community could have. Sharing is a core agroecological principle, and one based on the wellbeing of the whole, rather than individual economic benefit. We can learn a lot about this concept by exploring where agroecological knowledge stems from. As Dona Jô replied when prompted; “They were farmers, in the parc … and they just have knowledge of the land.” Pajé, a local agroecological farmer coming from a harsh history of modern-day slavery in cacao farming, had his own understanding and replied, “Indigenous culture had ecological understanding and then the colony arrived…now, many years after knowing Juan and this family, I don’t have to work outside my farm and started to gain new knowledge”. These quotes inform us of two important concepts regarding the spread of agroecological knowledge. Firstly, it was started by traditional knowledge systems and subsequently lost to the general population through colonization and the influx of monoculture farming. Secondly, we learn that agroecological information is a privilege to have and is mostly contained within those wealthy enough to have access to education and resources (Nogueira et al., 2017). Therefore, the periphery only has access when information is shared with them. For example, Ernst Götsch a Swiss agroecologist frequently discussed in our interviews, came to the region with existing knowledge (Macke et al., 2020). When he arrived, he recognized the traditional knowledge already in place but also used his own information to increase production. Ernst is renowned as the father of agroecology in this region even though this information was not new to many (Macke et al., 2020). Conversely, the passing of information from wealthy landowner to farm hand or surrounding landowners is not common. For example, Fernando, a neighbouring farmer that Pajé worked for wouldn’t share his agroforestry knowledge with him. In this scenario Fernando has a certified organic farm but by withholding information and not being fair to his employees, he is not upholding the principles of agroecology.
Another interesting case study is Juan and Gili, two foreigners who emigrated to southern Bahia for the purpose of agroecological farming. Upon arriving they actively searched for a group committed to agroecology. They found Rede Povo de Mata a voluntary network based on inclusion and bringing people together to regulate and certify farms and spread the wealth of agroecological knowledge evenly throughout the region. As a part of the network, Juan and Gili emulate the principle of sharing by not only exchanging information with other network members, but by making a conscious effort to reach out to those in the periphery like Pajé and “bring people into the net”. The principle of sharing knowledge is one of the many differences between organic farming and agroecology and through diligent work, has the potential to bridge the gap between those with access to resources and those without.
Investment
“There are lots of seeds underneath the soil that will grow once the climate is right…primary trees will die and allow for more sun” Paulo explains. The forest works in tandem with itself, moving through life stages seamlessly, taking years for those seedlings beneath the surface to grow. “The progress in the net all happens slowly.” Gili explains how the network started small, then word spread and slowly with hard work become a cohesive force. Camila and Dona Janira also know this and emulate the concept of investment in the work they do with children.
“We need to move like the forest moves, focusing on long term development… Help kids to understand how we think about the world and therefore how this applies to their life and understanding of the world. There is not just one way of inhabiting earth but those who have a relationship with the land live very differently from those that don’t. It's important for kids to recognize that you are part of the earth.” - Camila
They probably won't see the benefits or outcomes of their initiative until the kids are old enough to implement policies and pass the information on. The hope is that by starting with children, overtime information will spread throughout the community. This in turn will result in tangible results which contribute to local development and the building of a more resilient society through the continuation of education. Paulo dreams of children growing up and coming back to him saying ‘I learned this, and this is how I’m living my life in accordance to these teachings’. These seedlings being planted today will become the new councilman, community leaders, and teachers with an environmentally conscious mindset; It’s a cycle upwards, from empowered and educated children to a politically active community fighting for their own rights.
Conclusion
Back in the forest reserve Paulo discusses how each species has a specific function and role in the forest ecosystem, how plants work in association to each other to help move the forest through phases cohesively. It’s a complex form of communication that results in a dynamic equilibrium where the ecosystem oscillates from disorder to order and back again. So, what can we learn from this forest system? Agroecologists in Southern Bahia understand how we can operate most effectively within a system mimicking a forest. For example, we need to find ways to work in collaboration with each other towards a common goal. One way is by providing our knowledge and spreading it widely, creating networks of information that reach the periphery and close gaps. Another way is through teaching the younger generation how to care for the earth and patiently waiting for their time to shine, trusting that we have done enough to encourage strong agroecological mindsets resilient to the current system in place. We can do our part by recognizing our role in the system, like Camila, Dona Janira, and Juan and Gili, passionate about making sure everyone has access to information and can learn beyond the school walls limitations. Or Dona Jôs role as an anchor in the community encouraging positive change and dynamic solutions to problems that policy has long ignored through agroecological concepts of sharing, investment, and knowledge. Pajé is a thriving case study of the transformation agroecological knowledge and practices can have on one’s life. It proves that agroecology can bring marginalized communities into the net. This research is only the beginning of what can be learned from a community who embraces the concepts of agroecology, but the potential for replicability throughout the world brings hope to a sometimes-pessimistic environmentalist. There is hope for a brighter, more socially and environmentally cohesive world where we centre ourselves as a part of nature, and emulate agroecological principles in our daily lives.
References
DeVore, Jonathan D. 2014. “Cultivating Hope: Struggles for Land, Equality, and Recognition in the Cacao Lands of Southern Bahia, Brazil.” PhD, Ann Arbor, MI: University of Michigan. Selected Chapters https://deepblue.lib.umich.edu/bitstream/handle/2027.42/109023/devorejd1. pdf?sequence=1.
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